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Mãozinhas fechadas, pernas flexionadas em direção ao abdômen, rosto avermelhado, barriguinha endurecida e choro inconsolável. Os sinais das temidas cólicas dos bebês são inconfundíveis. Embora seja um problema antigo e se manifeste em pelo menos 80% das crianças nos três primeiros meses de vida, a ciência ainda não encontrou uma maneira de evitar ou prevenir o desconforto.

Pesquisadores da University of Texas-Huston Medical School, no entanto, podem ter achado pistas da origem do transtorno ao identificar um micro-organismo que provavelmente é o responsável pelo sofrimento. A vilã, conhecida como bactéria klebsiella, pode provocar uma reação inflamatória que compromete o intestino. Segundo J. Mark Rhoads, professor de pediatria que coordenou o estudo, a klebsiella geralmente coloniza o órgão em indivíduos maduros sem causar transtornos.

? Pelo menos outros 300 tipos de bactérias estão presentes no intestino de um adulto. Elas compensam e até agem como anti-inflamatório, evitando que a klebsiella cause maiores danos, o que não ocorre com os bebês. Neles, a diversidade de bactérias ainda é reduzida e a bactéria pode ser mais danosa ? explica Rhoads.

Os recém-nascidos que participaram da pesquisa foram alimentados com leite materno ou em pó.



? Também constatamos que o intestino dos bebês que não tinham cólicas era habitado por uma variedade maior de bactérias, o que reforça a nossa suspeita inicial ? acrescenta o médico americano.

O estudo será levado adiante para que os cientistas possam examinar mais detalhadamente a klebsiella e avaliar o desenvolvimento de um probiótico, suplemento produzido com bactérias boas para controlar a inflamação do intestino. Enquanto isso, as mães e cuidadoras se valem de algumas técnicas para amenizar a dor sofrida pelos pequenos.

De acordo com a pediatra Vera Lúcia Bezerra, presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, a cólica geralmente aparece após o 15º dia de vida devido à imaturidade do trato gastrointestinal e se manifesta menos em crianças que se alimentam apenas do leite materno.

? É importante aquecer bem os pezinhos e as mãozinhas, fazer exercícios com as pernas para facilitar a eliminação de gases e acomodar o bebê para que ele se sinta seguro e mais confortável junto ao corpo da mãe ou do pai ? ensina.

De acordo com o pediatra Renato Cavalcante, em alguns casos, as cólicas podem esconder problemas mais graves, como doença do refluxo gastroesofagiano, infecção do sistema urinário ou alguma má formação de órgãos.

O que fazer:

: Poupe a criança de locais estressantes e tumultuados.


:: Não há qualquer comprovação científica de que os chás tenham eficácia no combate às cólicas. Eles não são recomendados pelos pediatras.

:: A funchicória, por ser doce, pode ajudar a acalmar a criança, mas não deve ser usada demasiadamente.

:: As massagens e o uso de bolsa de água quente funcionam muito bem. A ginástica de esticar e encolher as perninhas do bebê favorece a eliminação dos gases.

:: Mudar o bebê de posição também pode ajudar. Na hora da cólica, eles costumam sentir mais conforto quando carregados de barriga para baixo.

:: Colocar a criança para arrotar também pode ajudar a amenizar o desconforto.

:: É preciso ter calma para que o bebê se sinta seguro.

:: Quanto mais o ambiente estiver tranquilo, melhor. Isso facilita o relaxamento da criança.

O ambiente em que a criança vive também influencia nas cólicas. Carinho, afeto e aconchego são fundamentais para os bebês, que não são iguais entre si. Muitos se acalmam com músicas relaxantes, outros gostam do silêncio. Os especialistas lembram que as mães não podem se desesperar diante do choro incontido. Os recém-nascidos estão, antes de tudo, experimentando o novo ambiente, e a adaptação pode levar um tempo.

Além disso, quem amamenta deve cuidar da própria alimentação, evitando produtos gordurosos, condimentados, leite de vaca e derivados.

? O bebê não deve mamar deitado. Precisa sempre ser estimulado a arrotar. Bolsas de água morna são excelentes para amenizar as cólicas. Não recomendamos chazinhos e fitoterápicos, como a funchicória, devem ser oferecidos com parcimônia ? avisa Cavalcante.

Abaixo, alguns truques que influenciam no fim do desconforto.


Shantala

Pode ser feita a partir do 40º dia de vida da criança. É uma massagem terapêutica para bebês que auxilia na liberação dos gases e aquece a região trabalhada, o que contribui para minimizar a dor. Deve ser adaptada à cada criança porque estimula as funções intestinais por meio de movimentos de amassamento e deslizamento. O ideal é que seja feita com o auxílio de óleos naturais de origem vegetal e prensagem à frio.

Funchicória

Apresenta-se sob a forma de pó obtido a partir de uma planta chamada funcho ou erva-doce. Proporciona efeito relaxante e sedativo, podendo ser benéfico como auxiliar no tratamento sintomático da cólica. O uso excessivo, no entanto, pode ser prejudicial e causar pausas respiratórias.

O problema do refluxo

É o movimento do conteúdo gástrico para o esôfago na direção oposta às contrações musculares normais. Em bebês, um pequeno refluxo é aceitável. Se persistente, com vômitos frequentes, tosse crônica e irritação subsequente do esôfago, geralmente há choro constante e desconforto. O refluxo que causa dificuldade respiratória é considerado anorma.




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